Kaiji


  Este texto não foi escrito por mim. Ele foi escrito por Lukas Eiky Kurata Takatani, que permitiu a postagem dele neste blog.

"Estou cheio disso! Perdas, ganhos, dinheiro, fortuna! Cansei de ouvir todo esse lixo! Quanto mais falamos nessas coisas, mais rastejamos e nos humilhamos! Vocês não entendem?! [...] Os porcos malditos que inventaram esse sistema, onde todos tiram vantagem de todos, estão morrendo de rir da nossa desgraça e estupidez!" - KAIJI

  A cargo do estúdio Madhouse, Kaiji é um anime baseado na primeira parte do mangá “Tobaku Mokushiroku Kaiji”, que basicamente trata da arte de elaborar estratégias, blefar, trapacear e conseqüentemente ganhar em variadas situações da vida (principalmente em jogos de azar). É conhecido por sua alta dose de crueldade psicológica no decorrer da história e por seus traços estilizados poucos usuais. Criado por Nobuyuki Fukumoto, tenho a impressão de que ele teve muitos problemas pessoais com o dinheiro e a yakuza. Pois além da série Kaiji, ele produziu o anime Akagi, que também conta com jogos de azar e dívidas. Mas como não tenho muita informação a respeito dele, não posso tirar conclusões sólidas.
Kaiji, nosso pequeno LOSER.


  Nosso protagonista é um fracassado nato, que se mudou para a capital japonesa há três anos e não conseguiu nada desde então. Por viver em meio a constantes apostas e jogos (e perdendo todas elas), ele extravasa sua raiva contida quebrando carros caros pelas ruas com um bastão, para logo em seguida, roubar seus emblemas como lembrança. Porém, um determinado acontecimento inesperado vai estremecer sua vida por completo.

  Nosso amigo recebe uma cobrança da Yakuza por uma dívida em que ele se tornou fiador. Agora ele deve arcar com um prejuízo de mais ou menos três milhões de ienes, mais os juros que sobem a cada dia. Sem saber o que fazer, é logo indicado pelo cobrador da máfia a apostar suas fichas em um navio chamado Espoir. Lá há vários outros endividados, que participarão de um jogo de apostas para tentarem se livrar da horrível dívida e se tiverem sorte, ainda obter algum lucro em cima. Assim começa a jornada rumo ao topo (ou não) para nosso pequeno fracassado.
Um dos adversários de Kaiji querendo ser seu amigo.


  De cara é fácil perceber que a animação foge dos padrões convencionais. As expressões exageradas e enfáticas tornam os personagens caricatos visualmente, o que contrasta com suas roupas e cenários ao redor elaboradamente desenhados. Eu particularmente apoio o estilo único, por dar uma identidade singular em meio a esse mar de mesmice que a indústria japonesa está criando. Mas não posso negar que a maioria das pessoas que tiverem a oportunidade de ver essa animação, irão logo exclamar um: “Mas que animação bizarra! Olha o tamanho do nariz daquele cara!”. A escolha de julgar qualidade do anime somente por seu estilo gráfico, e não por sua obra como um todo, fica à sua vontade.

  Passado o aspecto estético, vamos nos focar em sua “crueldade psicológica”:

  Kaiji é um dos personagens mais humanos que eu já vi em uma série de anime. Ele sofre como um e vence como um. Algumas vezes cometi erros tolos como todos fazem e também pensa em idéias realmente inteligentes, como algumas vezes temos a sorte de ter. E por termos simpatia por sua pessoa, sempre estamos torcendo para que nada de mal o atinja, o que não acontece. Muitos podem achar que a série Kaiji é bem cruel e imprevisível na sua maioria do tempo, dadas as várias desgraças que abatem nosso mocinho, e muitas delas são totalmente inesperadas. Mas assim é a vida. Pode-se dizer que o criador esforçou-se em mostrar por meio de analogias e cenas o quão forte temos que ser em determinados momentos. Pânico, medo, ingenuidade e traição: todos esses sentimentos estão lá para mostrar o lado mais podre de cada ser humano. Mas veja bem, não estou a falar de cenas grotescas ou com violência física (se bem que há algumas delas no final), tanto na ficção como na vida real, a crueldade mais dolorosa é a psicológica.
"Lágrimas Masculinas: às vezes, nem o poder do Mullet é suficiente."


  Além do traço animado todo pessoal e sua trama excelente, outro aspecto louvável é a sua trilha sonora. Compostas por Hideki Taniuchi (também compôs para Death Note), suas músicas instrumentais cumprem com o dever de atenuar a emoção de cada passagem importante, transformando um momento épico em algo inesquecível. Só não digo que o conjunto é perfeito pela abertura e fechamento da primeira temporada que não são inspiradas como as demais músicas, pois não são de autoria de Taniuchi, mas cumprem com o papel de banda sonora.

  Continuando a escala rumo ao topo (ou não) do nosso colega adepto ao mullet fashion, a segunda temporada foi ao ar dia 5 de abril no Japão e já se encontra em sua reta final. Totalizando 21 episódios até agora, a continuação da saga de Kaiji está se mostrando relativamente ótima. Relativamente, pois ultimamente o criador está a dar umas enroladinhas na trama, que retardam o avanço da história. Não tenho certeza se é pelo novo filme (sim, existe um primeiro filme live action, mediano por sinal) que irá estrear em 5 de novembro, mas nada tira o brilho com que a série foi conduzida até entrar nessa embromaçãozinha. As apostas tornaram-se mais intensas e os novos vilões estão sempre intocáveis em sua frieza. Tensão pura! E como sempre a parte sonora destaca-se, com uma abertura realmente empolgante desta vez. Aliás, recomendo uma olhadinha na banda “Fear,and Loathing in Las Vegas”, responsável pela nova abertura. Eu aprovei!
Um dos alidos de Kaiji querendo ser seu amigo :3


  Finalizando: cheio de lágrimas e gritos de fúria, Kaiji se mostra um dos animes mais MACHOS dos últimos tempos. Diga adeus para protagonistas bananas e fadas com super poderes. Aqui só existe o desespero e a gloriosa vitória. Perder é impensável e ganhar é uma tarefa para poucos. Da próxima vez que for escolher uma série de anime para assistir, dê uma conferida em Kaiji. Garanto que vai gostar.

Comentários

  1. Esses animes que não apresentam as mesmas coisas básicas de sempre, mas com uma roupagem nova (vejam bem que não foi citado aqui o nome de nenhum anime, nem mesmo de "Claymore"), sempre me interessam. Death Note foi infinitamente melhor do que eu jamais poderia imaginar. Quando tiver tempo, assistirei esse Kaiji.

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  2. Eu me interesso por bons animes. Sejam inovadores ou não... pois mesmos os que trazem os mesmos estilos já vistos, trazem junto histórias bem distintas das que vimos anteriormente. Cito exemplos como Claymore e Air TV.

    Obviamente, animes que inovem e tragam estilo pouco ou não usados são essenciais para renovar os estilos e dar uma maior diversidade.

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  3. Esse anime supreendeu-me muito! Quando tiverem oportunidade assistam de qualquer jeito.

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